MP Lafer

.
.
No início da década de 70, João Arnaut, então funcionário da fábrica de móveis LAFER, oferece a Ivone, sua mulher, como presente de aniversário, um MGTD - 1952.

Uma certa manhã, acorda atrasado, pega no carro de Ivone e vai para o trabalho. Percival Lafer, um dos donos da fábrica e apaixonado por carros antigos, logo nota o MG. A imagem do famoso carro não lhe sai mais da cabeça ! Tempos mais tarde vem a adquiri-lo.

Após várias incursões à Inglaterra, Percival inspirado no modelo britânico, resolve fabricar um automóvel semelhante, todavia melhorado e adaptado à tecnologia da época. Percival descobre que a distância entre eixos do Volkswagen e do MG era a mesma. Assim ocorreu-lhe a idéia de acoplar à carroceria do novo carro o chassis do Volkswagen.

Vale lembrar que, o MGTD - 1952 transformou-se de um modesto projeto da Morris Garage, num dos maiores clássicos da história do automóvel. Na primeira reunião pertinente a este projeto, declara à sua diretoria: "Vamos fazer um produto perfeito, ou então, desistir desde já". O esmero nos detalhes exauriu-se completamente.

A mecânica passa a ser da Volkswagen e refrigerado a ar. A carroceria adquire ligeiras alterações com as linhas mais arredondadas, adaptando-se ao gosto da época e ao suave clima tropical.

Em 1974 inicia-se sua fabricação em série. O charme, a distinção e o bom gosto deste clássico chamam a atenção de compradores famosos - ter um Lafer significava prestígio, classe e diferenciação.

Tal era o sucesso do novo carro que vários países da Europa e EUA logo trataram de importar 1000 exemplares de um total de 4300 produzidos durante os 16 anos de sua fabricação - outro recorde de tempo de produção.

Todavia, a premissa fundamental que norteou todo o projeto tinha que ser cumprida - construir o novo carro, ao estilo único do inconfundível MG, o que não lhe deixava grandes opções para ousar na criação de novos modelos.

Mesmo assim, desenvolve um novo modelo desprovido de cromados e de linhas mais simplificadas, destinado a um público mais jovem. Modelo este muito atrevido no qual ninguém acreditava, mas que deu certo.

O novo carro fazia lembrar um Exalibur ou Clenet. Nascia então o TI (esportivo). E, mais tarde, pensa e cria um protótipo com motor à frente e diferencial atrás, onde antes era o motor, conseguindo uma perfeita distribuição no peso com 50 % na dianteira e outro tanto na traseira. Os altos custos de produção inviabilizaram-lhe o projeto, bem como a continuidade dos modelos clássico e esportivo.
.
Ousadia, bom gosto e os escassos exemplares, que muito raramente vemos passar nas ruas, foi o que sobrou deste arrojado projeto que vingou por tanto tempo. Percival Lafer, decide então terminar com a produção em série, encerrando com chave de ouro o projeto do famoso carro.
.
Um abraço, Fernando A. De Gennaro.
Créditos: João Saboia e Nelson Barata
.

Fotos: Fernando A. De Gennaro